quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Crítica - V Império

 O Quinto Império é um poema da Mensagem, obra escrita por Fernando Pessoa, e que se insere na terceira parte, O Encoberto. Este surge na Bíblia e torna-se mito nas interpretações que sucederam ao longos dos tempos.
A Mensagem é uma obra épico-­lírica, simbólica e mítica. Dentro da mitologia, esta aborda a vida e a morte de um mundo - Portugal - que será seguida de um renascimento, que é, então, o Quinto Império.
 Segundo o Padre António Vieira existira 4 impérios, que eram eles os Assírios, os Persas, os Gregos e os Romanos, sendo o quinto o Império Português, que consistia numa crença messiânica e quiliástica. Na Mensagem, Pessoa anuncia então este novo império civilizacional. Este era dado como um império que ia para além do material, devido ao "intenso sofrimento patriótico". Em suma, este Quinto Império, é uma utopia através das palavras de Pessoa, e seria uma forma de legitimar o movimento autonomista português, que iria por fim à União Ibérica. A esperança deste novo império era algo espiritual, isto é, fazia parte de um sonho concebido por Portugal, algo que, sendo inconsciente, ia para além da nossa natureza. Segundo o poeta, o sonho era a chave para a felicidade, uma vez que as pessoas que se achavam felizes, viviam, na realidade, numa tristeza imensa, pois estas apenas se contentavam com aquilo que tinham, em vez de sonharem com algo que ia para além do viver. Em sumo, só é possível ascender à felicidade na consciência.
 O exemplo mais consistente é o de D. Sebastião - o quinto império está relacionado com o Sebastianismo, na ordem em que este era dado como um profeta, é um dos homens de Deus, tendo por isso fermentado na memória de todos e perdurado na recordação. Este sonhou em ser imperador do Quinto Império.
   Acreditava-se na formação de um império por parte do povo português, uma vez que este era capaz de tal, o que já tinha sido provado através de todas as suas vitórias, nomeadamente, através dos descobrimentos, o que fazia com que o povo lusitano tivesse, no sentido divino, um destino superior em relação aos restantes povos. Neste quinto império, que é um império global, a paz permaneceria infinitamente, em que, como referido anteriormente, constituiria uma utopia. Este é grandioso e desejado por toda a nação, que iria glorificar Portugal.
Fernando Pessoa acreditava deliberadamente de que Deus não pode abandonar o seu outro povo eleito e que depois de todas as advertências, Portugal virá a construir novamente o seu mundo de paz, por apesar de todo o sacrifício.
 Em parte, o Quinto Império identifica-se com a Idade do Ouro de Ovídio e, consequentemente, com a ilha dos Amores d'Os Lusíadas, Camões, devido a toda a sua perfeição e carácter glorificador.
  O Dia a que o poema se refere, é o nascimento e a plenitude da vida, ou seja, o erguer do Quinto Império, e a Noite é, então, a morte de D. Sebastião, que lutou pela sua concretização.
 Em suma, o Quinto Império tem em si a«uma perfeição total, que recompensará o povo português, e que possa superar a infelicidade, iludida pela felicidade aparente, e que esta seja feita através dos sonhos. D. Sebastião sonhou e lutou pela formação deste novo império, sendo por isso recompensado e merecendo por isso, após a sua morte, repousar com Deus.

Marina Reis, nº18

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