segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Carácter simbólico e alegórico do episódio da Ilha dos Amores

 Valor simbólico do casamento no canto IX

 Em Os Lusíadas, as ninfas representam uma forma de recompensa por todo o esforço que os navegadores lusitanos prestaram, assim como toda a sua coragem e orgulho pela sua fé, que sentiram durante todos os longos meses desta viagem até à Índia. Neste contexto, no canto IX, Vénus, a deusa do Amor, tem como objectivo premiar estes heróis que pela sua pátria tanto lutaram, e, como forma de recompensa, esta, com todos os seus poderes, encaminha-os para uma ilha paradisíaca no meio do oceano, à qual se dá o nome de Ilha dos Amores. Neste lugar divino, os navegadores poderiam descansar e voltar a sentir prazer ao relacionarem-se com as restantes ninfas, que os seduziram logo que chegaram a este lugar, após estes terem estado tanto tempo sem qualquer contacto físico com uma figura do sexo oposto.
 Assim, no decorrer da ação, enquanto os portugueses se envolvem com estas figuras sedutoras, surge, na estrofe 84-85, uma referência ao casamento, em que os heróis lusitanos, ao sentirem tanto amor, "se prometem eterna companhia, // Em vida e morte, de honra e alegria". Isto é, à medida em que se vão envolvendo mais com as ninfas, a relação e o afecto que estes sentem por elas deixa de ser apenas por prazer sexual ou atração física, e passa a ser sentido como amor verdadeiro e eterno, que exigia um casamento como forma de demonstração desse estado de espírito. Assim, o amor puro e o prazer seriam a melhor recompensa para os heróis lusitanos.

Carácter alegórico da Ilha dos Amores

Como dito anteriormente, a Ilha dos Amores encontra-se nos cantos IX e X e representam uma glorificação dos navegadores lusitanos por parte de Vénus, que para lá os encaminha. Camões defendia a sua opinião de que as pessoas eram imortais se fossem para sempre lembradas por algo que tivessem feito, para libertarem-se da lei da morte. No caso do povo português, ao conquistar o caminho marítimo para a Índia, mereceram ser nomeados como imortais, e nesta denominação, um dos elementos que está na sua base é o Amor - pela pátria, pelo dever de lutar pela nação, pelo relacionamento com outra pessoa, entre outras faces deste. Assim, uma das maneiras para os portugueses alcançarem este sentimento foi a sua chegada à Ilha dos Amores, onde puderam transformar o seu desejo sexual pelas ninfas em amor verdadeiro e eterno.
Assim, a o carácter alegórico desta ilha está na realização dos feitos dos portugueses e a conquista do Amor, tornando-os, então, imortais, ou seja, orgulhosamente lembrados por outros povos pelo esforço e vitória que realizaram.


Marina Reis nº18 12G

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