quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Carácter alegórico e simbologia da Ilha dos Amores

"Os Lusíadas" é uma epopeia escrita por Luís Vaz de Camões que se propõe relatar as peripécias de um herói coletivo, os Portugueses.
Ao longo da obra os navegadores passam por grandes dificuldades e sacrifícios. Estes causados pelos homens que não lhes reconhecem o engenho necessário para a aventura a que se propõem e pelos
Deuses, principalmente Baco, que os vai atraiçoando no decorrer da sua jornada.
Vénus é assim a Deusa que se identifica com estes heróis e os vai salvando dos perigos. Esta cria, então, a "Ilha dos Amores".
A "Ilha dos Amores" é um episódio que surge no Canto IX d' "Os Lusíadas" e se prolonga pelo Canto X e surge como forma de recompensar "os barões assinalados" pela fama e glória por eles alcançada em louvor de "feitos gloriosos".
Nesta Ilha "fresca e bela" os marinheiros têm a oportunidade de se deleitar com as lindas ninfas que os acolhem. Envolvem-se em bonitos jogos de sedução que se dividem entre o prazer sexual e o Amor.
É aliás este Amor que existe entre Vénus e os Portugueses. E, por isso, se dá nesta Ilha um "casamento". Este "casamento" representa a união entre os descendentes de Luso e Vénus onde "Se prometem eterna companhia, / Em vida e morte, de honra e alegria.". Deste modo, Vénus reconhece os Portugueses como um povo nobre e concede-lhes como que um estatuto semi-divino e eterna proteção.
Por tudo isto, podemos interpretar a Ilha dos Amores como uma alegoria. A grande semelhança deste lugar com o Paraíso e o carácter de prémio definido por Vénus faz com que esta Ilha, ainda que mítica e mitológica, seja a concretização real do reconhecimento das "valerosas obras" dos Portugueses.

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