A Mensagem
Esta obra de Fernando Pessoa refere o glorioso passado de Portugal, tentando
encontrar uma explicação para a antiga
grandeza e a decadência existente na época em que o livro foi escrito. É constituída
por três partes, correspondentes também à evolução do Império Português que
teve o seu nascimento, realização e a sua morte. Contudo, a “morte” neste
sentido não poderá ser entendida como um fim definitivo, uma vez que pressupõe
uma ressurreição. Esta ressurreição culmina com o aparecimento de um novo
império, o quinto império.
A 1ª parte da obra corresponde ao nascimento do império português e tem o
nome “Brasão”. Esta secção dedica-se: à localização de Portugal na Europa e em
relação ao mundo, como é exemplo no poema “O
dos Castelos” onde salienta a magnitude do país; aos heróis lendários ou
históricos, desde Ulisses a D. Sebastião e ainda à apresentação da definição de
mito ("O mito é o nada que é tudo") e do povo português como o
construtor do império marítimo. Ou seja, no geral é a fundação da
nacionalidade, daí esta ser considerada a parte do nascimento.
A 2ª parte da obra é a realização do império português e tem o nome “Mar
Português”. Apresenta poesias inspiradas na ânsia do desconhecido e no esforço
heróico da luta contra os obstáculos, tal como "O mostrengo" encontrados no mar.
É nesta parte que o poeta salienta a grandeza do sonho convertido em realidade,
unificando a ação humana e o destino traçado por Deus. O poema "O
Infante" faz parte desta secção da obra e realça a relação entre o poder
de Deus na criação, o Homem como agente representante e a obra como resultado
de toda esta relação lógica ("Deus quer, o homem sonha, a obra
nasce"). Os outros poemas evocam as glórias e as tormentas passadas ao
concretizar-se o sonho dos Descobrimentos.
A 3ª parte denomina-se “O Encoberto” e representa a decadência, a “morte”
que foi referida anteriormente. É apresentado o Império no seu estado
decadente. Portugal "a entristecer", pois "Tudo é incerto e
derradeiro. / Tudo é disperso, nada é inteiro." (“Nevoeiro”). No poema “Nevoeiro”é simbolizada a confusão, o estado caótico em que Portugal se encontrava,
tanto como Estado, como emocionalmente e mentalmente.
O que se pretendia nesta obra era o despertar das consciências, levando-as
a acreditar e desejar a grandeza outrora vivenciada. Fernando Pessoa espera
poder contribuir parar o reerguer da Pátria, relembrando, nas 1ª e 2ª partes da
Mensagem, o passado histórico grandioso e anunciando a vinda do Encoberto, na
figura mítica de D.Sebastião, que anunciaria o advento do Quinto Império.
O papel dos portugueses na civilização seria a construção deste quinto
império, um império espiritual, capaz de elevar os portugueses ao lugar de
destaque que outrora ocuparam a nível mundial. Uma supremacia e um império não
em termos materiais, mas em termos espirituais.
É nesta nova concepção de império que assenta o carácter simbólico e mítico
que enforma a obra de Fernando Pessoa.
Catarina Castela
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